quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Breves Ponderações

Estava relendo o Melman (2000) e achei muito oportuno (especialmente pensando na coluna do Contardo de hoje na Folha):
"De que gozo podemos dizer que é uma doença? Será que estamos em condições de falar de uma normalidade, de uma norma em matéria de gozo, de dizer "este é o bom, aquele lá não é"?"
Falando em toxicomania ele acrescenta um ponto interessante sobre a "terapêutica" que se orienta pela via da imposição da abstinência. Ela, ao invés de colaborar para "extinguir" o consumo (como diriam os behavioristas - vigilantes do comportamento), reinveste eroticamente, ou seja, potencializa, fortalece o circuito de uso. Vale lembrar que a abstinência, o "estado de falta" também compõe o ritual da droga e, portanto faz parte do "barato". Isso fica mais claro lendo o Bill Clegg em "Retrato de um viciado quando jovem" e acompanhando seus incansáveis malabarismos - quando ainda na falta da droga - para conseguir viabilizar seu uso: a negociação, o suprimento de crack, o local, o momento, etc. Todo um pecurso pré-entorpecimento que "engrandece" o próprio efeito.

Ps: apontamentos para o início da escrita do livro "Sociedade Fissurada" (pela Record) que escrevo em parceria com minha amiga Márcia Tiburi.

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